The Few and Cursed o novo HQ brasileiro


E se num futuro não muito distante, o acesso à água acabasse e os mares secassem? E se seres amaldiçoados dominassem a terra trazendo pavor para os poucos humanos restantes? E se no meio de tudo isso, surgisse uma heroína à contra-vontade para tentar restaurar o mundo ao que era antes? Esse é o mote de Os Poucos e Amaldiçoados (The Few and Cursed), de Felipe Cagno e Fabiano Neves, que tem feito campanhas de sucesso no Kickstarter e no Catarse e agora inicia mais uma nova campanha. Selem seus cavalos e vamos trotar pelo fim do mundo, que lá vem resenha!

A série Os Poucos e Amaldiçoados segue os passos de uma heroína sem nome, que os que a conhecem e acompanham, a chamam de Ruiva (Red, em inglês), pelas suas feições e seus cabelos. Aparentemente ela é uma caçadora de monstros, que quer acabar com as maldições que transformam seres humanos em criaturas terríveis. Mas tudo leva a crer que a Ruiva guarda um segredo muito maior junto com ela.

Isso é indicado na primeira edição da série, em que ao enfrentar uma cobra gigante, a Ruiva conseguiu se curar de seus ferimentos. Mas  não é só isso. Ao beber de um líquido que o humano transformado na cobra gigante carregava, ela parece ganhar mais poderes e energia. Então isso leva a questionar: a Ruiva estaria em uma missão de abnegação e altruísmo ou ela está em busca de mais poder?

Então, ela encontra o seu parceiro de missão, Jebediah, um homem crente que acha que depois que a terra for varrida dos monstros, Deus trará a chuva de volta para o mundo. Afinal, no mundo deles só resta 10% da água que temos hoje. Os dois vão em busca dos Corvos de Mana’Olana, para que a Ruiva dê cabo de mais amaldiçoados, meio-homens, meio-animais. Mas a missão não vai ser fácil e os dois vão encontrar tanto obstáculos quanto aliados em seu caminho. Mas não sem a custa de algo, porque no mundo dos Poucos e dos Amaldiçoados tudo é uma moeda de troca e tudo se baseia em negociação.

Felipe Cagno monta uma história bem aos moldes americanos que deve agradar em cheio aqueles que gostam de quadrinhos no estilo da Vertigo, mas também guarda semelhanças com os faroestes italianos da Bonelli. A construção de mundo é muito peculiar e os cenários que ele e o desenhista Fabiano Neves apresentam para os leitores elevam o nosso senso de maravilhamento, como navios encalhados em pleno deserto – um deserto que já fora oceano. Os personagens que a Ruiva encontra aqui e ali também guardam essa peculiaridade, num bom trabalho de caracterização tanto visual quanto textual.

Por vezes a história me faz lembrar do game Resident Evil e suas Las Plagas, e do outro game Red Dead Redemption e seus cenários de mundo desolado. Mas também é possível encontrar elementos do livro A Estrada, de Cormac McCarthy (que foi filmado por John Hillcoat) e do filme Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón. Mas um elemento que eu preciso destacar e que faz toda essa sensação ser mais verossímil, como se estivéssemos caminhando por um mundo silencioso e tépido, são as cores da história em quadrinhos que, nas três edições são feitas por Dinei Ribeiro e seus companheiros. Com certeza elas auxiliam no clima, assim como a fotografia auxilia na ambientação das referências que eu trouxe e admiro.

Mas se teve uma coisa que eu não gostei nesse quadrinho foi o logotipo usado na capa. Acho ele muito poluído e, a princípio, pode afastar o leitor. Entendo que quem criou o logotipo quis dar uma sensação de velho oeste, mas todos os elementos dos desenhos das capas já remetem a esse gênero, então acaba ficando um pleonasmo, uma hipérbole, poluição visual. O teor velho oeste poderia ser dado com um elemento mais discreto na identidade visual da série.

Agora, Felipe e Fabiano estão em uma nova campanha no Catarse para publicar, num só tiro certeiro, as partes 3 e 4 de The Few and Cursed. “Alternando campanhas de financiamento coletivo no Brasil via Catarse e internacionalmente via Kickstarter, eu e o Fabiano, finalmente encontramos uma maneira de nos dedicarmos integralmente a este universo da Ruiva. A ideia agora é que a série ganhe um novo capítulo a cada três meses.”,  explica Cagno. Vale lembrar que as campanhas de financiamento coletivo sempre oferecem brindes e recompensas a quem colabora, que variam de preço e porte da recompensa.

Também nas revistas virão artes especiais para a série feita por grandes talentos e nomes reconhecidos dentro e fora do Brasil e que não são apenas artistas brasileiros, mas gente que você também pode encontrar em gibis da Marvel e da DC Comics. “A força da Ruiva e da série está na força dos fãs e no apoio deles através do Catarse. Em uma pré-venda regular não teríamos a menor chance de oferecer brindes exclusivos a custo zero ou ter grandes artistas reinterpretando a personagem. É realmente graças ao nosso público que o Fabiano e eu podemos trabalhar todo dia em algo que amamos e acreditamos muito no potencial. Se atingirmos mil apoiadores vou poder usar um fornecedor americano de impressões com efeito metal que me impressionou muito e me deixou bastante empolgado” , compartilha Cagno.

Se você quer conhecer o universo da Ruiva e seus companheiros, ou ainda, se quiser ler os próximos capítulos dessa saga, não deixe de apoiar a campanha no Catarse. As partes 3 e 4 de The Few and Cursed – Os Corvos de Mana’Olana terão 32 páginas coloridas por Dinei Ribeiro, Marcio Menyz e Tiago Barsa no tamanho padrão americano e a campanha fica no ar até dia 1o de Novembro. Os pacotes de recompensas começam em apenas R$25 pelas duas revistas e ainda oferecem também um combo com todas as primeiras quatro edições por R$45 – oportunidade única de se adquirir a primeira edição depois que ela esgotou toda a sua tiragem no final de 2016.

Link para a campanha: https://www.catarse.me/ARuiva3

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